3/11/2012

Coração que procura cap 3

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Capítulo 3: Ser mãe, e seguir adiante 

   Quando eles abriram a porta do quarto, o Pedro e o Caio se espantou, pois o quarto estava cheio de aparelhos, e na única cama desse quarto, estava Larry, deitada, já respirando bem divagar... Pedro olhou para o pai, e ele simplesmente respondeu bem baixo para os dois – quando eu a encontrei, já não tinha mais jeito... – Pedro fazia gestos dizendo “como assim??” nessa confusão de gestos, a Larry acordou, e se sentou na cama – Pedro...? E você? – ante que alguém fale alguma coisa, o Pedro já estava abraçando firmemente a Larry – mãe...!! Finalmente te encontrei...!! Finalmente!! Quantas vezes sonharam com isso..!
 

  E a Larry acariciava cabeça do filho... Ela agradeceu por Caio, por marido e por Pedro – que bom que vocês chegaram ante da minha partida... – o Pedro sem entender olhou para o pai – como assim... Antes da sua partida...? – a Larry olhou bem mansa para o Pedro – terei que contar o que aconteceu depois que você foi expulso da casa... Aquele dia, depois de tudo eu sai também daquele lugar, para te procurar...
  

Mas não conseguia te achar... Procurei há anos... Trabalhando... Nunca, nenhuns dias deixaram de pensar em vocês... Mas depois de algum tempo, fui avisado que a minha vida não ia durar muito tempo... – tumor maligno no celebro... A senhora não tem muita opção... – desse dia em diante meu pedido era encontrar com vocês novamente e, dizer o que aconteceu comigo... Por isso eu agradeci a Deus e a vocês por terem me achado...
 

 Eu estava feliz da minha vida... Pois o casamento estava perto de acontecer... Foi aí que aconteceu algo que nunca esqueci... Fui raptada pelos bandidos... Nesse carro, havia mais cinco mulheres... Todos morreram... E eu, era a próxima... Fui violentada, mas pela graças de Deus, consegui fugir... Eram noites e noites de medo... Mas nunca mais os vi, três dias ante do nosso casamento, eu descobri que estava grávida... Como todo mundo faria me decidi abortar a criança... Não é lógico? Quem queria um filho de ladrão matador?
 

 Larry olhou o marido com rosto de tristeza e em seguida explicou – mas... Eu me lembrei do que a minha mãe tinha me falado... “Larry, nunca se esqueça disso... se por acaso você se engravidar sem desejar, pense bem para não agir numa forma de pecado... lembre-se... O filho, não é somente do pai... Mas também e da mãe...” Então... Esse bebê que carrego aqui dentro... Não e só “o filho do bandido...” e meu filho... Carne da minha carne... Osso do meu osso... Sangue do meu sangue... Que precisa de mim para se formar... E eu preciso gerar... Para que razão terá que matar o meu próprio filho? Que não tem nada a ver com meus problemas... E, apenas seres indefesos... Uma vida que foi dada numa maneira violenta, mas... E a vida que Deus me deu para eu cuidar dele... E matar só por quer eu odeia aquele homem...? Eu não posso descontar no meu filho, e nem pra ninguém...
 

 Ela respirou de vagar, olhou para o Pedro, e com a voz de choro ela continuou – meu... Filho... E meu marido... Perdoe-me por não conseguir lhe contar antes... Eu tivera muito medo... Mas, agora eu tenho certeza de que fiz a escolha certa... Se eu tiver matado você, eu nunca me sentiria feliz aqui, no meu leito da morte... Tinha ficado só, e talvez, iria carregar para sempre essa culpa... Obrigado por ser meu filho Pedro... – o Pedro a abraçou... Lágrimas caíam sem parar... – obrigado por ter me gerado... Obrigado por ter me deixar no seu ventre até eu nascer... Obrigado por ter me deixado viver... E de ter me criado... Obrigado por tudo...
 

 Então por sua vez, a mulher sorriu e disse:- obrigado por existir... Meu querido filho amado... – Pedro deu passos para trás – pai vai até ela... – o Bartolomeu deu sinal com a cabeça dizendo que sim – querida... Eu queria te pedir perdão... Por não compreender e... Nem se quer queria te ouvir... Por ter te maltratado... Eu fiz sofrer... – e chorou – foi tão difícil para você e, eu dificultei ainda mais...! Perdão... Por tudo o que eu fiz...
  

Olhando seu marido, a Larry o abraçou, e falou bem baixo, mas bem claramente – eu já te perdoei... Há muito tempo... Fique tranqüilo... Não tenho mais nenhum ressentimento... – e depois de dizer isso, ela deu um sorriso no rosto, e expirou... O ultimo expiro... Eles ficaram ali bom tempo, até chegar algumas pessoas que iriam arrumar o funeral...        
  

 Depois de ter feito funeral, o Caio se preparou para outra partida, ele tinha que continuar o seu trabalho – bom, acho que não tenho mais nada a fazer por aqui – o Pedro e o Bartolomeu olhou para o Caio – seja feliz Pedro! E seja feliz senhor Bartolomeu! – e se virou rápido para não chorar... “e, assim que tem que ser, tenho muitas crianças para salvar... tenho que me acostumar com adeus...”, mas sentiu alguém puxar o seu paletó
  

Era o Pedro – professor! Decidi ir com o senhor! – o Caio se espantou com essa decisão – Quantas pessoas com problemas assim como meu, espalhadas no mundo... Que precisa de exemplos como o meu para abrir os olhos... Quero levar a minha história para o mundo inteiro!!! E assim tentar ajudar-la... – o Caio ficou feliz com esse sonho do menino, mas, não sorriu – e o seu pai? Vai ficar só? – o Bartolomeu deu risos – eu perdi tudo, até a casa... Decidi-me ir junto com vocês! Eu também era professor da ária psicólogo, vou e posso ajudar o meu filho no sonho dele
 

  O Caio deu risos – então ta bem... Vamos juntos – e ele se lembrou da sua família... – senhor Caio – o Bartolomeu se aproximou – como o senhor decidiu trabalhar assim? Ajudando as pessoas... – o Caio sorriu – por quer? – e olhou para o céu azul – por quer eu deixei o meu filho se suicidar, a minha esposa com o desespero foi atrás do Cássio... Matou-se bem na minha frente... A minha sogra não se conformou e colocou-me na justiça, dizendo que era minha culpa ter morrido os dois por ter trabalhado mais e não acompanhou problemas que os eles sofriam... Fiquei na cadeia por dois anos, e então me decidi. Por não ter conseguido salvar da minha... Iria trabalhar para salvar as outras famílias... – o céu continuou a ser azul, e eles iam adiante, com a cabeça erguida, sem olhar para trás.
                                                      


 FIM

Coração que procura cap 2

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Capítulo 2: Trauma

O dia amanheceu e o Caio e o Pedro já estava caminhando para outra cidade, a campanha que o Professor Caio participa não deixa ele no mesmo lugar, logo que o seu trabalho termina, ele tem que ir no outro lugar, por essa razão o Pedro decidiu ir junto com ele, assim, enquanto o professor fazia o seu trabalho, o Pedro pode procurar por mãe, afinal ele tinha retratos, e lembrava muito bem o nome dos pais, fazendo isso dia após dia, e nada de resultado.
 

 Quando passou cerca de um mês, o Pedro lembrou que não tinha acabado de contar o resto do seu passado, pois o professor também não o perguntava mais – Professor Caio... Acho que não contei o resto... – e o Caio sem pressa olhando para o menino – se você estiver preparado... Por mim tudo bem, se acha que está preparado para me contar, pode prosseguir – “Então ele ficou esperando esse tempo todo para que eu me preparasse...” realmente o Caio era diferente das outras pessoas que o Pedro conheceu antes.
 

 O Pedro nunca contou pra ninguém depois daquela parte, sempre perguntava “e então? O que aconteceu??” ou “coitadinho, você sofreu de mais...!” mas o professor caio não, ele parecia que respeitava a parte da dor do Pedro, e não tocou mais no assunto até que o Pedro se lembre :- O senhor e realmente é estranho...há... Sem ofensa...! – com estas palavras o Caio deu risadas bem leves – não precisa se preocupar, eu gosto de ser chamado de estranho, afinal de conta isso e sinal que sou o único nesse mundo!
  “pois bem” o Pedro começou a contar novamente...


 No dia do meu aniversário de sete anos, a mamãe e eu celebremos bem simples e silencioso... Sem mais ninguém... Ultimo aniversário que celebremos juntos... Nessa mesma noite... Eu ouvi algo muito forte, me levantei da cama, fui de vagar na porta e abri um pouco da porta, então avistei a mamãe toda roxa... E o meu pai gritando... Essa briga era incomum das outras... – por favor, Bartolomeu... Pare... – ela falava assim bem fraca... Preste a desmaiar... Eu, porém correu até ela, abracei firmemente e depois supliquei para o meu pai – por favor!! Pare!!! Você está machucando a mamãe!! Pai pare com isso... Você era tão bondoso... Por quer continua fazendo uma coisa dessas...?
 

 A coisa ficou pior:- mandei não falar mais comigo... Não foi? – ele foi pegar um pedaço de ferro – Pedro corre!! Fuja daqui!!!! Ele vai te matar!!! – “matar? Meu pai?” – mas mãe... Eu... – a minha mãe se levantou de pressa e me empurrou para a porta da saída – vá Pedro!!! – nesse momento a minha mãe agarrou a perna do meu pai, tentando ganhar o tempo – vá!!! Agora!!! – eu vi o olho do meu pai... Ele tinha o olhar assustador... Estava muito violento... Deu umas chutadas a mamãe e quando ela desmaiou correu para avançar em mim.
 

 Não sabia o que fazer... Meu corpo petrificou no momento, e não conseguia movimentar um dedo se quer... Meu sangue parecia congelar-se de tanto terror... “alguém me ajude...” rezava sem parar... Mas o meu pai querendo cortar a esperança – não tem mais ninguém para te salvar... – nesse momento lembrei rapidamente aquela palavra “Claro que você e meu filho...! Mesmo que eu estiver errado, você continuará a ser meu filho...!” essa palavra fez com que eu escapasse da morte por um milímetro, o ferro deu raspão na minha cabeça, e perfurou o chão, como o ferro se afundou e não conseguiu arrancar-lo de novo, ele avançou contra o meu pescoço...
 

 Não sei que tempo fiquei ali..., só sei que quando eu estava sendo sufocado pelo meu próprio pai... Alguém o empurrou para trás, com isso eu consegui fugir e abrir a porta, chorando, sem saber o que fazer, só correu com toda a minha força sem olhar para trás... E então daí que comecei morar na rua... Nunca roubei, mas... Era muito difícil pra mim...
 

 Durante esse tempo todo, a palavra do meu pai nunca deixou de surgir com o pesadelo... – você gostaria de encontrar com seu pai Pedro? – o Caio perguntou bem sério e então o Pedro pensou um pouco, e respondeu – acho que ante de conhecer o senhor, era mera trauma... Mas agora, acho que sim... Tenho ainda muito medo... Pois a conseqüência que agente ganha e profunda... Mas, mesmo assim, eu quero encontrá-lo e enfrentar-lo de cara a cara.
 

  Pouco depois disso ele recebeu informações de que a mãe dele estaria numa outra cidade num hospital internada há muito tempo – e então? – o Caio perguntou com cuidado para o Pedro – ta pronto? – o Pedro balançou a cabeça dizendo que sim, só não estava preparado com o imprevisto que o destino havia prometido a ele.
 

 Na correria de querer encontrar a mãe do Pedro, eles se depararam com o homem meio alto, com o rosto bem formato, a idade deveria estar 29 para 30,o Caio passou perto do homem e percebeu que o Pedro ficou paralisado, e então quando esse homem viu o menino se espantou –  Pedro? E você?? – e o Pedro, depois de um tempo, e de vagar perguntou para esse homem – p-pai...?
 

 Isso realmente foi surpreendente, ninguém havia pensado que iria encontrar com o “trauma” do Pedro, no começo “nem ele que horas atrás falava de querer encarar de cara a cara” não conseguia mexer nem dedo e muito menos falar, ele só conseguia olhar apavorado e suar frio... Mas percebeu que o Caio olhava fixamente para o Pedro, o menino que havia se comportado de medroso, tomou uma atitude bem corajoso.
 

 “Posso falar com o senhor?” quando o Pedro “ainda tremendo” perguntou para o Bartolomeu, sem nenhuma negação ele disse sim – eu também tenho muito que falar – seu olhar estava cheio de dor e tristeza, e talvez até arrependimentos... O professor Caio percebendo que seria um assunto de família, queria deixar-lo só, mas o Pedro não concordou – o senhor tem direito a ouvir... Por favor, fique do meu lado... – o Caio voltando com olhar forte disse para o menino – se isso o que deseja, vou ficar.
 

  Primeiramente o Pedro queria falar sobre o que ele sentia quando estava na rua – sentia muito medo, na rua tinha muita morte, violência... Mas eu tinha algum amigo... Tinha um senhor de idade avançada que me deu um violino e ensinou-me a tocar, com isso ganhava um pouco do dinheiro que permitia comer um pouco... Mas não era todo dia... Quando chegou o natal, foi o dia em que rezei mais... Como eu era menino da rua, as pessoas da igreja não permitiam entrar, rezava fervorosamente nas calçadas da igreja, pedindo pra Deus uma única coisa...
  

O Pedro deu suspiros, e o Bartolomeu perguntou o que aconteceu e qual o pedido que ele pedia – eu pedia um natal para minha família... Família unida, todo junto outra vez... E, hoje esse pedido foi atendido... – foi aí que perceberam, hoje era 25 de Dezembro, o natal – pai, eu no começo, pensei que toda culpa era minha, depois te culpava sem parar, como se querendo fugir, por quer você me disse “Claro que você e meu filho...! Mesmo que eu estiver errado, você continuará a ser meu filho...!”, sempre que me lembrava dessa palavra, ficava revoltado... – e o menino olhou fixamente para o Bartolomeu – será que agora você poderia repetir isso? Não é você que estava mais revoltado? – ouvindo isso, o Bartolomeu afundou seu rosto na mágoa, olhando isso o Pedro soltou a palavra que sempre engolia – Eu... Nunca mais posso viver ao seu lado... Não é?
  

Bartolomeu não conseguia falar nada, enquanto que o Pedro continuava – eu não sabia mais quem odiar, pensava assim “quem era culpado de tudo aquilo que eu tinha que passar... com qual motivo tinha que sofrer...”   
“aconteça o que acontecer, sempre estarei perto de você!!” essa palavra que você tinha me dado, sempre lembrava, e isso me atormentava... Quem seria capaz de fazer isso além da família?
 “Claro que você e meu filho...! Mesmo que eu estiver errado, você continuará a ser meu filho...!”, mentira... Tudo passava de uma miragem... Ilusão sem motivo algum...  “aconteça o que acontecer, sempre estarei perto de você!!” , e tudo mentira!!!!!! Quando mais precisei de você.... – o Pedro já estava lacrimejando – você me abandonou...
  

O Bartolomeu se se ajoelhou nos pés do menino – perdoe-me, perdoe-me...! Eu não soube agir de maneira certa...!! Faltou em mim a coragem para aceitar a realidade... Fui muito covarde... – o Bartolomeu já estava chorando – então, pra esquecer essa verdade, procurei as coisas do mundo para me aliviar... Mas não consegui... O que eu fazia me atormentava ainda mais... Eu sou pobre homem que não soube resolver essa situação... Fui pedir ajuda as coisas e não o Deus... Por isso hoje eu vivo atormentado tudo o que eu fiz para a minha esposa e para você Pedro...
 

 Pedro se espantava com esse ato de Bartolomeu, nunca pensava que o pai também sofria com seu ato, e que pedia perdão sem cessar para o filho, caiba ele se o perdoava, ou não... – o tempo que passei longe de vocês... Eu acabei com todo o meu valor que antes tinha... – Bartolomeu não levantava a cabeça, estava ajoelhado diante dos pés do Pedro – no sofrimento, Deus me deu a oportunidade para conhecer a minha fraqueza, na dor me ensinou arrepender-se dos erros que havia cometido... Por isso estou aqui, Deus me deu mais uma chance para eu poder te encontrar e te pedir perdão...!!! Sei que... A minha culpa é grande... Mas sei também que é bem maior a divina misericórdia de Deus... Por isso aqui estou, lhe peço mais uma vez...!! Perdoe-me...!
 

 Menino Pedro olhava silenciosamente, e então com as lágrimas abraçou o pai, agora sem medo – graças a Deus que você voltou a ser o homem generoso!! – e deu um sorriso – Pai, o tempo que passei no orfanato, e agora com essas palavras do senhor, posso dizer claramente, eu lhe perdoou... Pois já bastou saber que o senhor me aceitou como eu sou...!
 

 “Que bom” o professor olhando para a janela do terceiro andar, se sentou no banco de espera, “agora que se reconciliou, a trauma do Pedro pode se curar... resta encontrar-se com a Dona Larry, e o Pedro novamente vai poder morar com os pais... todos juntos... creio que agora pode ser bem felizes...”, mas esse pensamento havia deixado um vago no coração do Caio “e eu... vou continuar o meu serviço...”
 

  Ficou um pouco triste, mas é assim que a história termina... Mesmo que não queira, sempre vem o fim... – professor? O senhor vai ficar ai? – com a pergunta do Pedro o Caio acordou do seu pensamento – bom, se você quiser que eu fique aqui, tudo bem... – antes que o Caio terminar-se, o Bartolomeu interrompeu – graças o senhor, eu pude me encontrar com ele, com toda certeza o senhor tem direitos a ir conosco – sendo assim, o Caio se levantou do banco de espera, e caminhou-se para o quarto onde a Larry estava.

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Coração que procura

Capítulo 1: Pedro

   Havia um menino sentado no banco da praça, olhando para o céu “como se estivesse rezando” ele fechou os olhos... : - Pedro! Vamos! Temos estradas há frente! – Rapidamente ele abriu os olhos e se levantou de pressa: – estou indo!! – Pedro era menino magro, não muito branco, já fizera quatorze anos de idade quando decidiu procurar a sua mãe que não o via desde que eram sete anos.
 

 Agora ele andava com acompanhante, que e um professor de universidade: – ansioso Pedro? –ele perguntou olhando nos olhos do Pedro. Porém o Pedro não parecia tão animado: – um pouco... Tenho mais é medo...  – essa resposta deixou o professor Caio curioso: – desculpa a minha curiosidade, mas pode-me contar o que houve com você, e como as pessoas do orfanato te achou?
 

 Pedro concordou em contar, afinal de conta era esse professor que deu a oportunidade para ele sair do orfanato para procurar a sua mãe: – Eu e minha mãe Larry e meu pai Bartolomeu, morávamos todos juntos numa casa mais ou menos, janela grande tipo italiano, telha verde. Quintal tinha cinco metros e tinha capim... Éramos tão felizes que a vizinhança comentava todos os dias...
  

 Algo começou a acontecer quando as vizinhanças desconfiaram de algo... Cochichava pelas costas... Meus amigos não queriam mais brincar comigo... E no fim começaram me judiar... Teve muitas vezes que quase morriam de tantas pancadas que me davam... :- olhe ele ali... Tanto como pai, tem cara de ladrão... –era assim que elas falavam de mim e do meu pai...   
 

 Mas meu pai era um homem de boa conduta, bom caráter... Impossível ser ladrão... Uma vez que eu estava chorando no meu quarto, meu pai veio me consolar:- O que? De novo Pedro... –ele acariciava tocando na minha cabeça – as vizinhanças e as crianças ficam falando mentiras... Não fique assim – mas eu não conseguia segurar as lágrimas.
 

  Por causa das palavras maldosas que recebi dos vizinhos e das crianças, não conseguia me animar – mas pai... – soluçando perguntei para ele – eles me disseram que você não era meu pai... – ao ouvir isso ele me abraçou e, com a voz bem mansa, me deu seguintes palavras – Claro que você e meu filho...! Mesmo que eu estiver errado, você continuará a ser meu filho...!
 

  Ao ouvir isso, algo caloroso se espalhou dentro do meu coração... E saiu pelo olho em forma de gotas... Eu estava chorando de alegria, a saber, que realmente meu pai era meu pai... A quem posso confiar, posso contar... Alguém que está disposto a me proteger a qualquer momento... Só não sabia que a minha mãe também chorava silenciosamente, com a outra razão...
 
  Minha mãe sempre foi atenciosa e carinhosa, eu tive muita sorte por ter os pais assim... Mas... Nem eu e nem o meu pai, percebia um segredo que ela escondia... Único segredo que ela guardava por muito tempo... Mais tarde, depois que eu completei seis anos, esse segredo foi revelado numa forma de papel, um simples papel de exames de DNA... E tudo... Mudou...
 

 Depois de dizer isso o Pedro suspirou fraco... Parecia cansado e não estava na condição de contar o resto, sabendo isso o professor Caio, se esforçando para ser gentil:- vamos parar por hoje? Já está se escurecendo, vamos ver se conseguiremos um lugar para descansar – era o máximo que o Caio poderia fazer com que o Pedro se sentir melhor
 

  Na verdade, o Pedro parecia tão amargurado ao lembrar passos a passos do seu passado que olhando no rosto e no olho daria de saber, “o que houve com ele para ficar tão deprimido? Até agora me parece uma família ótima... como ele foi parar na rua??” o pensamento do Caio não parava de girar, mas, ele preferiu o silêncio para o descanso do menino que estava exausto.
 

 Na madrugada o professor Caio acordou com o gemido, “o que me perturba a esta hora?” pensando assim ele abre os olhos, colocando o seu óculo deu olhada a volta, e então estava ali a cama que o Pedro deveria estar dormindo nela, o Caio pulou da cama, saiu procurando nos cantos dos quartos, sala, a cozinha, e voltando para a sala, viu que a cortina da janela grande estava aberta, e olhando com cuidado ali estava o Pedro, sentado bem no canto olhando paisagem com o rosto bem triste
 

 No começo o professor queria gritá-lo por ter saído da cama na madrugada e ainda deixando a janela um pouco aberto, mas viu que ele estava se distraindo um pouco da sua profunda tristeza “que provavelmente até nos sonhos atormenta o menino” a raiva que havia subido até no consciente do Caio, desceu de vagar até desaparecer
 

 Olhando bem sem ligar a luz da sala, com o brilhar da lua deu para reparar que o menino ali sozinho derramava lágrimas... E o seu olhar estava distante... : – Pedro? – mesmo o Caio perguntando, o Pedro não conseguia ouvir, pois estava mergulhando no seu pensamento... – sei que tem medo de dormir, as pessoas do orfanato deram alguns cuidados que devo tomar no momento como essa – e então finalmente o Pedro ouviu a voz do professor
  

Percebeu que o Caio estava um bom tempo ali, enxugou os olhos, e olhando vergonhosamente perguntou sem força – quanto tempo o senhor está aí...? – o Caio sem criticar, muito menos brigar, sentou-se perto do menino olhando pela janela deu uma palavra que não era resposta – linda paisagem não? – os dois inter olharam, e então o Pedro perguntou com curiosidade – o senhor não vai brigar comigo? Por ter saído da cama há esta hora e ainda... Ter abrido a janela...?
 

 O professor, porém se espreguiçando, e sem pressa alguma olhou agora para o menino – há! Nada de mais – e olhou agora para o teto – todo mundo tem seu próprio modo de agir... Tivera pesadelo? Você está meio pálido... – o menino olhou para o professor – pessoas do orfanato contaram pro senhor das minhas insônias e do meu pesadelo...? – o professor continuava a olhar o teto – um pouco, mas elas não contaram os detalhes, disseram que eu iria descobrir no momento certo – e olhou para o menino – acho que esse e o momento exato
 

 O Pedro viu que o professor era meio diferente de outras pessoas ignorantes, decidiu contar – e sim professor... Eu tive um pesadelo... Toda noite eu sonho com isso e me acordo... Daí eu não consigo mais dormir... – olhou para o professor que estava fazendo rosto de quem queria saber dos detalhes, depois da pausa continuou – sonho toda noite com os meus pais... – o rosto do Pedro expressava agonia, tristeza e rancor... – devo contar onde parei... Não e?
 

  Não era costume, mas a mãe do meu pai pediu para fazer um exame de DNA, e lógico, eu também... A minha mãe não sabia disso, também era incomum o meu pai mentir para ela – pai, por quer mentiu para mamãe? – o meu pai deu sorriso na minha frente – a minha mãe que insistiu não se preocupe Pedro, nada vai dar errado, aconteça o que acontecer, sempre estarei perto de você!! – mas essas palavras sumiram quando ele recebeu o resultado...
   

Quando chegou esse papel, o meu pai começou a tremer só as mãos, e depois gritou para mamãe “uma coisa que nunca ele tinha feito”: – o que é... Isso? O que é isso??!!  Larry!!!!!!
: – querido?! O que foi? Gritando assim... – foi aí que ela viu o papel, o rosto dela começava a mudar de cor – querido... Eu... Eu queria muito ter explicado... Mas não... Não conseguia... Eu tivera muito medo e... E... – a minha mãe tremia muito e falava bem fraca, porém, antes que ela continuar o meu pai gritou de novo com ela – como podia fazer uma coisa desses Larry?? Como me enganou esse tempo todo?! Você... Você prometeu que ia ser fiel e não iria esconder nada de mim...!!!! Como pode fazer isso comigo?!
 

 A minha mãe fez o máximo para explicar, mas nada funcionava no momento, e eu, só ficava escondido, chorando sem saber o que fazer... – querido, eu posso explicar... – quando a mamãe queria se aproximar o meu pai recusava – Sai...!! Não-toque-em-mim!!!! – depois de um bom tempo de discutir, só ouvi o choro da mamãe e um barulho do carro do meu pai saindo na madrugada.
 

 Ele começou a beber fumar, chegava muito tarde em casa... Mas mesmo assim, eu queria falar algo com ele, qualquer coisa serviria... Melhor do que desprezo na própria casa – p-pai... Posso falar um pouco com o senhor? – mas ele não olhou com a generosidade, me olhou como um lixo, e toda ignorância respondeu assim – não me chame de “seu pai”!! – ele me deu um olhar bem frio, um olhar cheio de ódio... Penetrante – não quero que você fale comigo!! Se não eu tiro a vida da sua mãe!! – fiquei sem reação, “aquele e realmente o meu pai?” fiquei pasmado e com o medo da ameaça do meu próprio pai, não falei mais nada...                          
   

Não demorou em começar maltratar a mamãe... Quando chegava bem bêbado, ele batia na mamãe por muitas horas e, no fim soltava a palavra assim: – você me traiu!! Aquele porcaria é relíquia da sua própria vergonha!!! – muitas vezes pensei e continuo pensando, tudo isso aconteceu por minha culpa... Ele era tão bom... – está vendo? Aquele menino e um demônio, por causa dele, o senhor Bartolomeu virou bebedeira e fumante!! – as crianças e todos adultos olhavam e falavam assim o tempo todo... Eram frios, mas parecia ainda mais depois de acontecer isso...
  

Outras crianças não chegavam perto de mim, cochichava entre si e quando me viam corriam para outro lugar – ele e amaldiçoado!! Não toque nele se não vai ser amaldiçoado também!! – eu sempre brincava sozinho... Antes nem ligava muito que eles falavam, mas... Agora que o meu pai se transformou, eu pensava realmente que eu era amaldiçoado... O meu pai costumava sempre brincar no escorrega bunda e balanço, mas, agora, era somente eu...

: - viram? Como a mamãe me disse...
:- silêncio!! Ele pode nos ouvir!!
:- e melhor nem olhar pra ele...
:- que medo... Que medo...!
:- disseram-me que o pai dele ficou louco...
:- e verdade só o vê bebendo e gritando!
:- a culpa e toda “dele”.
:- quem?
:- dele!! Olhem ali!!
:- com certeza e culpa dele...
 

  O balanço ficava balançando com o menino odiado por todo mundo... O parque esvaziava quando alguém me avistava... Ninguém me tocava, não falava, não olhava... Parecia que eu era invisível...  Parecia que eu... Não era necessário neste mundo... Mesmo estando na luz do raio do sol, não conseguia sentir aquele calor... A alma vazia... Sentia profunda sede de amor, sentia falta muito grande de carinho e atenção... Mas... Tudo aquilo que era normal, aquela pequena felicidade, havia tirado brutamente de mim...
 

 Já tinha desaprendido como sorrir... E as lágrimas eu conheci através do rosto da minha mãe, repleto de dor e tristezas... Muitas vezes fiquei me perguntado, “o que eu fiz para a minha mãe sofrer desse jeito...?” “o que eu posso fazer...?”, mas logo percebia a triste realidade... Nada... Não podia fazer nada... Somente as palavras perdidas no espaço de imensidão da treva, fiquei assim horas... Dias... Meses olhando para o inferno do “só” compartilhando a dor e a tristeza...
  “Se alguém pode me salvar, salve-me rápido!!! Não sei se até que ponto posso agüentar ficar nessa treva...” Todo momento me lembrava àquela palavra do meu pai “Claro que você e meu filho...! Mesmo que eu estiver errado, você continuará a ser meu filho...!”
..........meu Pai...........
   

 Quando o Professor viu, o Pedro estava dormindo... E então ele o levou para o quarto, deitou o na cama:- boa noite – dizendo isso foi se deitar também, pensando no que acabava de ouvir, e falou sozinho – amanhã teremos o dia bem movimentado... – deu um suspiro de leve – amanhã temos que andar muito... – falando assim o Caio foi consumido pelo sonho, e então neste local não ouviu mais um barulho.
  A noite estrelada, e no quarto um menino e no outro o professor, dormiam silenciosamente, com o qual a janela da sala um pouco aberto, deixando entrar um vento suave que tranqüilizava o coração aditado do Pedro...


 Continua para cap2